top of page

Conciliando a mãe e a mulher - Parte 1

A mãe é uma mulher mas a mulher também é a mãe?


Quê?


Confuso, certo? É esse nó que muitas de nós mulheres temos em nossas cabeças quando tentamos separar a mãe e a mulher que aqui existe.


Como assim?


Trata-se de uma dicotomia, a mãe é... maternal. Pura. Vista pela ótica do filho. Eu sou mãe para os meus filhos, não sou mãe da sociedade, não sou mãe do meu marido. Eu cuido de muitas coisas mas não sou mãe dessas coisas ou pessoas.


A mulher é... a mulher, ora. A mulher do marido (ou a mulher da mulher), a mulher de negócios, a que faz e acontece porém, a mulher não deixa de ser mãe e a mãe não deixa de ser mulher mas a mulher que agora é mãe não é mais a mesma e tão pouco essa mãe que nasceu junto com o filho não é mais a mulher de antes. O que fazer?


Nada é como outrora e eu quis dizer o que disse: a mãe que nasceu junto com o filho. A que pariu um individuo junto consigo mesma.


Sabem... gravidez é um processo marcado por mudanças físicas, sociais, emocionais, hormonais e outros ais sem tantos pingos nos is.


Mudanças físicas: seu corpo nunca mais será o mesmo. Seja bom ou ruim, ele agora está marcado. A vida gerada deixa rastros no corpo da nova mãe;


Mudanças sociais: pessoas que vem e pessoas que vão. Um bebê que muda tudo;


Mudanças mocionais: preciso mesmo falar esse tópico? Se você já esteve grávida, sabe do que estou falando;


Mudanças hormonais: Ah, os hormônios. Os ora benditos e ora malditos hormônios...


Outros ais sem tantos pingos nos is: as duvidas que não são sanadas, os momentos inesquecíveis, a dor, a alegria, o medo e o anseio. Delírio e desejo. Num dia você é uma filha, no outro você é uma mãe e no meio do caminho a mulher que você é acaba sendo atropelada. Como separar as coisas?


Por exemplo: mulher que eu era ouvia música no fone, a mãe que eu sou não usa fones de ouvido pois tem medo de não ouvir o bebê chamando. A mulher que eu era adorava maratonar filmes, a mãe que sou assiste metade de um filme de madrugada, quando há tempo, promete a si mesma que na próxima madrugada vai terminar esse mesmo filme porém acaba dormindo.


Eu ainda sou mulher, mas será que sou a mesma? Será que alguma coisa um dia voltará a ser como antes? E, honestamente, duvido. Estranho seria se voltasse.


Não sei dizer onde começa uma e termina a outra, não sei como mostrar para outra mãe-mulher que passa pelo mesmo qual o melhor caminho de voltar a si, nem sei se deveríamos voltar.


Mas aqui vai algo que me ajudou: aceitar ajuda. Sim. Toda a ajuda oferecida por parentes bem intencionados é bem vinda. Outra coisa: conversar sobre minhas duvidas, com qualquer vítima que passe para desejar-me um bom dia e que comete o erro de perguntar como estou, digo erro porque essa pequena pergunta custará a esse indíviduo meia hora de uma segunda feira de manhã entre sorrisos forçados e acenos apenas para ouvir a minha resposta. Hmmm... também voltar lentamente com os hábitos da antiga vida e ir intercalando. Não abandonar projetos. Comigo foi a faculdade. Eu não desisti.Assisti dezenas de aulas online embalando meu bebê.


Planos de viagem? Haviam também. Levei meu bebê comigo.


A vida é uma eterna busca do eu, e o eu é um tipo de chama que precisamos manter acesa com a ação, movimentos mas uma chama apaga sem ar e então é preciso parar para respirar. Uma mãe sobrecarregada sobrecarrega o filho, é preciso resgatar a si mesma.


Não estamos abandonando nossos filhos quando fazemos isso, estamos apenas nos recuperando. Sabe aquele filme? Veja. Os minutos a mais no banho? Tenha. Pedir pizza para não cozinhar vez ou outra? Tudo bem. Chorar? Tudo bem também.


Separar a mulher da mãe e a mãe da mulher não é fácil. Nem sei se é possível. Talvez seja mais exato dizer que nos tornamos um ser híbrido. Seja como for... é preciso continuar sendo, por ambas e, claro, por nossos filhos.

Ilustração de René Descartes.


E aí humanos, gostaram do texto? Deixem seus pensamentos nos comentários.

Até qualquer dia, talvez... hoje?

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo
ZLibrary fora do ar

É com grande pesar que informo que o site que, por muito tempo, tem ajudado pessoas do mundo inteiro, foi novamente retirado do ar....

 
 
 

Comments


Seguir

  • Facebook
  • Twitter
  • LinkedIn

©2020 por Senhorita Tom Tom. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page